Lentidão em diagnósticos disseminou o vírus na China, diz estudo

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Um novo estudo sobre o início do surto do novo coronavírus na China aponta que a maioria absoluta das infecções não foi detectada naquele momento, o que não só fez os casos de multiplicarem, mas espalhou o vírus pelo país.

Os autores da pesquisa concluíram que, antes de 23 de janeiro, apenas 14% dos pacientes contaminados foram identificados e que os 86% não detectados foram a fonte de infecção de 79% dos casos confirmados de Sars-Cov-2, como é chamado oficialmente este vírus.

O estudo, realizado por cientistas da China, do Reino Unido e dos Estados Unidos e publicado na revista Science, aponta que os casos não documentados apresentavam sintomas leves ou eram assintomáticos e, por isso, não eram detectados pela vigilância em saúde.

“Dependendo de sua capacidade de contágio e de seu número, eles podem expor ao vírus uma porção da sociedade muito maior do que ocorreria de outra forma”, afirmam os autores.

No período analisado pela pesquisa, foram notificados 16.829 casos na China, onde começou a atual pandemia.

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Eles estimam, com base em modelos matemáticos, que, sem a transmissão a partir de pacientes não identificados, esse número seria reduzido em 78,8%, e, entre as 375 cidades analisadas, o número de municipalidades com mais de dez casos confirmados cairia de dez para apenas um.

“Essas descobertas indicam que as infecções não documentadas facilitaram a disseminação geográfica de Sars-Cov-2 na China”, dizem os pesquisadores.

Restrições de viagens, testes rápidos e prevenção
A pesquisa calcula que, entre 24 de janeiro e 8 de fevereiro, após a imposição de restrições de viagens de viagens entre Wuhan, epicentro do surto, e outras grandes cidades, o número de infecções não identificadas caiu para 35%.

Esta e outras medidas adotadas também fizeram a taxa de contágio ser reduzida substancialmente. Até então, uma pessoa infectada contaminava em média 2,38 pessoas, o que aponta para “uma alta capacidade de transmissão sustentada de covid-19”, como é chamada a doença provocada pelo novo coronavírus.

Entre 24 de janeiro e 8 de fevereiro, esse índice caiu para 0,99.

Os cientistas afirmam que os casos não documentados eram 55% menos contagiosos do que os documentados, mas que, por serem mais numerosos, eles contribuíram significativamente para o crescimento da epidemia.

O estudo destaca que, além das restrições de viagens, o autoisolamento de cidadãos, a aplicação de testes rápidos para a confirmação de infecções e as recomendações de prevenção emitidas pelo governo alteraram as características epidemiológicas do surto.

“A capacidade de contágio foi substancialmente reduzida, possivelmente refletindo que apenas infecções muito leves e menos contagiosas seguiram sem ser documentadas ou que as medidas de prevenção individuais e de precauções de contato se provaram efetivas”, dizem os cientistas.

Essas descobertas indicam que um aumento drástico na identificação e isolamento de infecções não documentadas é necessário para “controlar totalmente” o Sars-Cov-2.

Além disso, a maior conscientização da população fez com que mais pessoas se protegessem e buscassem atendimento. A mesma conscientização de profissionais de saúde e autoridades, junto com a maior disponibilidade de testes, permitiu identificar casos que haviam passado despercebidos.

O estudo afirma ainda que o adiamento da reabertura de escolas e o isolamento de casos suspeitos também contribuíram para aumentar as taxas de notificação de casos e reduzir a disseminação do vírus, “aliviando o peso sobre os já sobrecarregados sistemas de saúde”.

 

Fonte: BBC News Brasil

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