Estudante morre ao ser atingido por bala perdida enquanto esperava ônibus
RIO E SÃO PAULO – Um estudante foi morto por um tiro no peito enquanto esperava o ônibus para ir para a escola, na manhã desta sexta-feira, 9, em um ponto da Rua Conde de Bonfim, na Tijuca, uma das principais vias da zona norte do Rio de Janeiro. Moradores da comunidade interromperam o trânsito no local e fizeram um protesto.
Gabriel Pereira Alves, de 18 anos, chegou a ser socorrido e levado para o Hospital São Francisco da Providência de Deus, mas não resistiu. Ele era morador do Morro do Borel e cursava o terceiro ano do ensino médio no Colégio Estadual Herbert de Souza, no Rio Comprido, bairro vizinho.
O jovem estava com uma amiga no ponto de ônibus, por volta das 6h30, quando o tiroteio começou.
“Na hora que foram abaixar para se esconder dos tiros, ele já colocou a mão no peito. Ela achou que ele estivesse brincando, pediu para ele parar, mas ele disse que era sério e caiu”, contou a prima do jovem Natanna Souza, de 29 anos, na porta do hospital.
Moradores da comunidade contaram que uma operação policial no Borel estava em andamento desde a madrugada. A Polícia Militar negou.
“Uma das bases da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Borel foi atacada por criminosos na manhã desta sexta-feira”, informou a polícia, em nota oficial. “Não houve revide por parte dos policiais da UPP e não há policiais feridos em decorrência da situação.”
Alves era jogador de futsal do Olaria Atlético Clube, que foi campeão carioca na última competição. A Federação de Futebol de Salão do Estado do Rio de Janeiro (FFSERJ) lamentou a morte do jovem e transmitiu os sentimentos aos familiares, amigos e colegas.
A Polícia Civil esteve no local para realizar perícia. A investigação está a cargo da Delegacia de Homicídios.
Vítimas de bala perdida perdida no Rio
De acordo com a plataforma Fogo Cruzado, somente neste ano foram registradas 110 vítimas de bala perdida na região metropolitana do Rio; 31 delas morreram. No mesmo período do ano passado, foram 124 vítimas. Mas o número de mortes foi menor: 24.
A deputada estadual Monica Francisco (PSOL) está no local desde cedo. Nascida e criada no Borel, a deputada é amiga da família do jovem morto e criticou a atual política de segurança do governador Wilson Witzel (PSC), que chamou de “política de morte” e “terrorismo de Estado”.
A parlamentar questionou a realização de operações policiais durante o horário de grande movimento nas comunidades, assegurando que isso só contribui para o aumento da violência.
“Mais uma mãe que perdeu seu filho, mais uma família negra enlutada, mais um número para a estatística do Rio, que vem celebrando a diminuição da violência”, afirmou a deputada. “Diminuição da violência para quem? Isso é terrorismo de Estado, não vamos parar de denunciar.”
Fonte: Terra