Base de Rui consolida sua divisão na Assembleia Legislativa da Bahia
Base de Rui consolida sua divisão na Assembleia Legislativa da Bahia
Com a bancada de deputados estaduais governistas rachada, tendo o líder maior de uma das três principais forças que sustentam o governo de Rui Costa (PT), o vice-governador João Leão (PP), ido a público afirmar que confronto do Progressista com o PSD pelo controle da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) é fato “irreversível”, as articulações estão em pleno andamento, amarrando acordos em busca de evitar surpresa ao abrir das urnas, no dia 1º de fevereiro, já que a eleição para o cargo máximo da Casa é secreta.
Com a base governista rachada, o bloco da oposição, que conta hoje com 17 deputados, passa a ser um elemento importante na disputa, quando não definidor do pleito.
Informações divulgadas pela imprensa na quinta-feira, 7, davam conta de um possível acordo do bloco comandado pelo deputado estadual Sandro Régis (DEM) com o candidato do PP, o deputado Niltinho (PP), o que foi negado pelo democrata. “Não, nada disso. A oposição primeiro está trabalhando um consenso, para depois discutir um nome. A gente está preocupado em primeiro resolver divergências para formar um consenso, essa unidade em nossa base é o mais importante”, afirmou Régis.
Ouvido por A TARDE, um parlamentar do bloco de oposição revela que a tendência hoje é que o grupo caminhe ao lado do pepista. “Eu vou dizer a você, há 15 dias se me perguntasse eu diria que a bancada estaria com Adolfo Menezes; hoje é o contrário”, disse.
E foi além, citando uma entrevista do candidato do PSD que gerou mal estar na oposição. “A declaração dele em entrevista a um site pegou mal. Adolfo falou uma coisa que foi ruim, disse que era o candidato de ‘Otto e do governador’, isso é muito ruim, pode tornar a Alba um apêndice do governo, uma secretária do governador; por mais que saibamos que ambos os candidatos são alinhados ao governo e não da oposição, isso não precisa ser dito toda hora, gera antipatia”, afirmou o parlamentar em anonimato.
A declaração de Adolfo, em um momento em que vazam informações sobre o desejo do governador petista e de deputados de seu partido de reduzir o espaço da oposição na Alba, restringindo assim os espaços de resistência no ano que antecede o pleito para o comando do estado da Bahia, é outro motivo elencado pelo parlamentar para justificar a virada de chave do bloco de Minoria da Alba. “Circula uma conversa de que o líder da Maioria quer a TV Alba, que está sob a nossa gestão. O Governador quer ‘aleijar’ a gente, diminuir os nossos espaços, e quando um candidato diz que será do governador, que fará o que o governador quer, isso soa muito ruim”.
Em 2018, 62 deputados estaduais elegeram o atual presidente da Casa, Nelson Leal (PP). Nelson buscava reeleição, mas foi impedido pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que vetou recondução dos presidentes da Casa Legislativas. Para além da decisão do STF, em 2017, os parlamentares aprovaram uma PEC à Constituição da Bahia vedando à reeleição, proposta pelo deputado Adolfo Menezes (PSD), um dos candidatos ao comando da Alba em 2021.
Sem o consenso, Niltinho e Adolfo terão que lutar por 32 votos, entre os 46 do bloco de governo e 17 da oposição, para formar uma maioria simples necessária para se eleger entre os 63 parlamentares. Com 11 deputados estaduais, o Partido dos Trabalhadores (PT) já sinalizou que estará com Adolfo Menezes, na busca por fazer valer o acordo de 2019 que teve a chancela de Rui Costa (PT). Nesta semana, O Partido Socialista Brasleiro também se posicionou publicamente, dizendo que estará ao lado da escolha do governador Rui Costa. Comandado pela deputada federal Lídice da Mata, o PSB conta com 5 deputados.
A confirmação de apoio do partido não é garantia de voto, já que as relações de amizade e de aumento de poder e cargos na Casa – e fora dela – poderá falar mais alto do que fidelidade ideológica e partidária. Diante desse cenário de incerteza, os políticos de maior trânsito na casa fazem a diferença e uma movimentação ou declaração ambígua poderá causar um grande estrago. Muitos deputados, segundo apurou o A Tarde, estão se surpreendendo com o poder de persuasão do atual presidente da Casa, Nelson Leal (PP), que tem conseguido angariar promessas de apoio de membros de diversos partidos da Casa, até dos partidos cujos líderes declararam apoio publicamente ao candidato do PSD.
“O governador conta com 11 do PT, mais 10 PSD, 5 PSB, 4 PCdoB. Os quatro partidos jogam para a unidade do grupo. Tem o Avante e membros do PDT, que podem se alinhar ao governador. É improvável que qualquer candidato derrote um nome que seja tido como o escolhido do governador, porque há um consenso de que essa eleição deverá garantir o máximo da unidade do grupo. Se o governo tomar posição, vai tirar votos da própria oposição”, afirmou um parlamentar do bloco da Maioria na Casa sem se identificar.
Um membro do bloco de oposição faz uma conta reversa, mostrando que na verdade a maioria está com o candidato que não conta com o apoio direto do governador, mas do líder da Caaa: “Colocamos na conta os 17 da oposição mais os 9 do PP, alguns do PSB, outros do PDT, PCdoB, até do PSD poderá apoiar o candidato de Nelson Leal”.
Um nome forte de um dos partidos da aliança maior do governo do estado na Alba acredita que o bloco de minoria da Casa possui um espaço para além do seu “tamanho” e que ela está aproveitando o momento de crise entre partidos da base para “rachar a base do governo”
“A oposição, desde Marcelo Nilo (2007-2015), ocupa espaço na Mesa Diretora e na estrutura da Casa; dirige à TV Alba e para ela interessa escolher o presidente, dividir base para ficar com esse espaço de poder que normalmente não teria acesso por contar com uma ampla minoria”, destacou o parlamentar sob anonimato.
Fonte: ATarde UOL