Donos de escola particular acusados de aplicar golpe em Barra da Choça
Conforme a delegada Gabriela Garrido, casal fugiu após fazer matrícula de alunos e não devolveu dinheiro aos pais. Funcionários reclamam de salários atrasados.
Um casal dono de uma escola particular, que fica na cidade de Barra do Choça, no sudoeste da Bahia, são acusados de aplicar um golpe. Conforme a delegada Gabriela Garrido, que investiga o caso, eles fugiram após fazer a matrícula de alunos e não devolveram o dinheiro aos pais.
Segundo informações da delegada, os pais dos alunos e funcionários da escola contaram à polícia que os proprietários da escola, identificados como Gabriela Silva de Castro Barreto e Jarbas Pinto Barreto levaram o mobiliário da escola e documentos dos estudantes e colaboradores.
De acordo com Gabriela Garrido, os pais dos estudantes receberam uma mensagem do casal, na semana passada, que dizia que “Há poucos dias, firmamos uma importante parceria entre escola e família” e terminava com um agradecimento e “pela confiança depositada” na instituição.
Ainda segundo a delegada, os documentos dos funcionários da escola, como carteira de trabalho, também foram levados pelo casal. Alguns funcionários reclamam de salários atrasados.
Os pais contaram à polícia que três dias depois, o casal desapareceu e a escola permaneceu fechada. Segundo a secretária da instituição, Karina Dias, na última sexta-feira (17), ela trabalhou pela manhã e recebeu folga à tarde.
“Na sexta foi trabalho normal pela manhã e até efetivei algumas matrículas, ganhei a tarde de folga e foi o momento que eles tiveram para tirar as coisas, a estrutura da escola”, disse Karina Dias.
No sábado (18), os funcionários do colégio contaram que receberam uma mensagem do casal que falava que a escola não ia fechar. A professora Elaine Dias disse que já tinha planejado a semana pedagógica.
Foto: Reprodução/TV Sudoeste
“Exatamente 13h19 recebemos uma mensagem coletiva por meio de um grupo de WhatsApp dizendo que as matrículas foram insuficientes e que nós funcionários seríamos ressarcidos o quanto antes”, contou a professora.
“Nós iríamos voltar agora, segunda-feira (20), para a jornada pedagógica, tudo ok e nas redes sociais, no grupo, no WhatsApp, que tínhamos, os funcionários e eles [donos da escola], eles mandaram mensagem falando para a gente incentivar, colocar nas nossas redes sociais que teria aula e que no ano de 2020 a gente ia trabalhar bem melhor que em 2019”, lembrou Elaine Dias.
No mesmo dia, os pais da escola voltaram a receber uma mensagem do casal, que dizia: “Por não alcançar a quantidade de matriculas necessárias para o início do ano letivo” a escola estava “encerrando as atividades”.
Foto: Reprodução/TV Sudoeste
Segundo os pais dos alunos, a mensagem também pede dados bancários para a restituição das matrículas já pagas e um e-mail para envio de documentação, mas contaram que, até então, o casal não fez a transferência do valor pago.
O comerciante Charles Delane Pales fez a matricula do filho em dezembro do ano passado e pagou todos os meses do ano de 2020.
“Pagamos o ano todinho, inclusive tenho os recibos do pagamento, tanto o anual quanto dos livros. Os livros nós pagamos no banco, em dinheiro, e inclusive me ligaram, alguém dizendo que era representante da escola, mas até então nenhum centavo na minha conta”, reclamou Charles.
Já a assistente Grace Kelli Arcanjo comprou o material escolar e o fardamento. “Muita tristeza, porque eu era uma mãe que levantava a bandeira da escola e aí a gente se depara com os gestores, os educadores agindo dessa forma”.
Além da questão financeira, os pais também reclamam que estão com dificuldade de fazer a matrícula dos filhos em outras escola, que pedem a documentação original dos alunos e não aceitam um documento enviado por e-mail.
A delegada Gabriela Garrido informou que o casal pode responder por estelionato, que é quando uma pessoa é levada ao erro, tem algum prejuízo, enquanto quem comete o crime obtém vantagem. Ela também acredita que o crime foi premeditado.
“Nós ainda não sabemos o paradeiro, estamos investigando para que eles também possam ser ouvidos e ver qual é a justificativa, embora eu ache que é muito difícil que eles vão conseguir justificar uma atitude dessa”, disse a delegada.
“Porque o próprio fato deles terem mudado sexta-feira, quando eles receberam valores desses pais, ou seja, ela já sabia que a escola não ia funcionar, configura a premeditação e a intenção efetivamente de se apropriar desses valores”.
Assista à matéria da TV Sudoeste sobre o caso
Ainda de acordo com a delegada, cerca de 200 boletins de ocorrência foram registrados na delegacia de Barra de Choça. A escola era uma das mais antigas da cidade.
A delegacia orienta a todos os pais e funcionários a registrar ocorrência na delegacia. A advogada contratada pelas famílias, diz que já tomou medidas liminares para que os pais consigam realizar as matrículas dos filhos em outras escolas, mesmo sem os documentos.
Fonte: G1