Irã admite ter enriquecimento de urânio superior a acordo de 2015

 

TEERÃ – O presidente iraniano Hassan Rohani disse nesta quinta-feira, 16, que o enriquecimento diário de urânio em seu país é maior hoje do que antes da conclusão do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano de 2015.

Arquiteto do acordo pelo lado iraniano, Rohani fez essas declarações no âmbito de uma justificativa de sua política nuclear e, acima de tudo, do gradual abandono pelo Irã desse compromisso, expressando disposição de continuar o diálogo com as partes interessadas. “Hoje, não temos restrições no campo da energia nuclear”, disse ele durante um discurso em Teerã.

“Nosso enriquecimento diário (de urânio) é superior ao anterior (…) ao acordo”, acrescentou em uma passagem de seu discurso que seria dirigida aos ultraconservadores iranianos, que denunciam sua política nuclear como um fracasso absoluto.

Rohani não especificou se isso significa que seu país produz atualmente uma quantidade maior de urânio enriquecido em comparação com o estágio anterior à conclusão do acordo de Viena, entre a República Islâmica e o grupo 5 + 1 (China, Estados Unidos, França , Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha), ou se esse enriquecimento foi realizado em um nível superior ao praticado antes de 2015.

 

 

O acordo de Viena pareceu desmoronar quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o deixou unilateralmente em 2018 e depois restaurou as sanções econômicas contra o Teerã, endurecidas ainda mais por Washington desde então.

Em resposta à retirada americana, desde maio do ano passado o Teerã reduz seu compromisso com muitos dos pontos principais deste acordo, que limita drasticamente suas atividades nucleares.

Ao contrário dos compromissos firmados em Viena, o Irã agora produz urânio enriquecido a uma taxa acima do limite de 3,67% estabelecido no contrato, e também não atende ao limite de reserva estabelecido em 300 kg.

A República Islâmica anunciou em 5 de janeiro que estava isenta de qualquer limite imposto ao número de centrífugas que usa para enriquecer urânio, afirmando que era o “último passo” em seu plano de reduzir os compromissos assumidos em Viena. Antes dessa data, o país havia anunciado que enriquecia urânio a 5%, algo muito longe do limiar necessário para a fabricação da arma atômica (mais de 90%).

Antes do acordo de Viena, o Irã enriquecia o urânio para 20%.

Uma fonte próxima à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse à AFP que, em 10 de janeiro, “não houve mudanças significativas nas atividades nucleares do Irã” desde o dia 5. / AFP

 

Fonte: Estadão

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