Estupro dentro de clínica para tratamento de obesidade na Bahia
Estupro dentro de clínica para tratamento de obesidade na Bahia
Uma jovem de 21 anos, que faz tratamento contra obesidade em uma clínica de Camaçari, cidade da região metropolitana de Salvador, denunciou ter sido estuprada dentro da unidade, por um homem que também se trata no local.
De acordo com a vítima, que preferiu não revelar a identidade, o caso aconteceu por volta das 22h de quarta-feira (23). A jovem assistia a um filme com o suspeito, dentro de um dos quartos da clínica, quando foi forçada a fazer o ato sexual.
“Estávamos assistindo ao filme, ele tentou me abraçar e eu disse que não queria. Eu levantei, ele também levantou, me puxou, jogou no sofá e deitou em cima de mim. Imagina um homem de 156 kg em cima de você? Eu disse que não queria e ele me estuprou”, contou a jovem.
Em entrevista ao G1, a jovem contou que conseguiu levantar e pediu ajuda para os funcionários da clínica, que pediram para ela se acalmar, mas negaram o pedido de ajuda para registrar boletim de ocorrência contra o paciente.
“Eu fui até a enfermagem para denunciar o que tinha acontecido, só que ninguém me deu assistência nenhuma. Estou desde ontem ‘para cima e para baixo’, para tentar denunciar isso. Achei uma delegacia onde ninguém queria me atender. Teve um delegado que ainda olhou para minha cara e perguntou o motivo de eu não ter gritado, me defendido, como se eu fosse a culpada”, falou a jovem.
“A clínica não deu assistência nenhuma, deixou minha mãe me levar até a delegacia, não tive advogado do lado, ninguém para me orientar em nada. A clínica até agora sequer me perguntou se eu estava bem ou estava viva, e ainda disse que, se eu denunciasse, os dois seriam expulsos. Só para não manchar a imagem deles”, disse.
A jovem afirmou que faz tratamento na Clínica da Obesidade há cinco meses. Além dela, a mãe e os dois irmãos também frequentam o local.
Em nota, a Clínica da Obesidade afirmou que não se pronuncia acerca de qualquer fato ou questão relacionada aos pacientes, se não for para autoridades competentes, quando são solicitadas.
A clínica informou que é instituição médica, registrada no Conselho Regional de Medicina, atuando em combate à obesidade mórbida há mais de dez anos, sendo referência nos serviços que se propõe a prestar aos seus pacientes.
Segundo a jovem, ela já tinha assistido filmes com o suspeito na clínica em outras oportunidades, inclusive com a presença dos irmãos dela, mas foi a primeira vez que ele tentou alguma coisa.
“Teve um funcionário da clínica que disse que pensou que a gente estava namorando. É um absurdo. Então quer dizer que, se ele fosse meu namorado, ele poderia me estuprar? A gente já tinha assistido filme antes com meus irmãos, mas isso nunca tinha acontecido”, desabafou.
A família da jovem disse que tentou registrar o caso na 23ª delegacia de Lauro de Freitas e na delegacia de Abrantes, ainda na quarta-feira e até a tarde de quinta, mas não conseguiu.
“Na televisão, eles sempre falam que é para denunciar o caso na delegacia mais próxima. Isso é uma teoria, porque na prática é bem diferente. Assim fica complicado”, falou o pai da jovem.
Eles só conseguiram registrar caso na noite de quinta-feira (25), na delegacia de Abrantes, que vai investigar o caso.
O G1 também entrou em contato com a Polícia Civil para saber o motivo de o caso não ter sido registrado na quarta-feira (24), quando a jovem e os pais dela foram até as duas delegacias.
Em nota, a Polícia Civil disse que a recusa em registrar a ocorrência não é procedimento padrão da instituição e que, para casos desse tipo, além de críticas, elogios e sugestões, o cidadão pode acionar a Ouvidoria da Polícia Civil, ligando para o (71) 3116-6408 ou pode enviar mensagens para o 99631-5259 ou ainda um e-mail para ouvidoria.pc@pcivil.ba.gov.br.
A polícia informou que os servidores são orientados a atender com “urbanidade e celeridade” às demandas recepcionadas, além de receberem constantemente treinamentos para aprimorar o atendimento ao público. Além da Ouvidoria, o cidadão também pode dirigir-se a Corregedoria (Correpol).
Fonte: G1