Bolsonaro exonera ministro do turismo e nomeia Gilson Machado

Bolsonaro exonera ministro do turismo e nomeia Gilson Machado

O presidente Jair Bolsonaro nomeou Gilson Machado o novo ministro do Turismo. A nomeação foi publicada na madrugada desta quinta-feira (10) no “Diário Oficial da União (DOU)”. A mesma edição traz a demissão do cargo, a pedido, segundo a publicação, de Marcelo Álvaro Antônio.

A mudança ocorre após o agora ex-ministro, Álvaro Antônio, acusar o ministro da Secretaria do Governo, Luiz Eduardo Ramos, de pedir ao presidente Jair Bolsonaro para entregar o cargo do Turismo ao Centrão, bloco de poio ao governo na Câmara.

O objetivo, segundo o ex-ministro, seria negociar apoio na eleição para a presidência da Câmara. O candidato do Centrão para comandar a Casa, Arthur Lira (PP-AL), tem apoio do governo. (Leia mais abaixo)

Álvaro Antônio chegou a chamar Ramos de “traíra” em um grupo de ministros em um aplicativo de mensagens. O ministro da Secretaria de Governo é o responsável pela articulação política com o Congresso

Bolsonaro antecipou nome de Gilson Machado

Na quarta-feira (9), Bolsonaro já havia antecipado que Gilson Machado, então presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), seria o novo ministro do Turismo. Para a vaga de Machado na Embratur foi nomeado Carlos Alberto Gomes de Brito.

Em diálogo com apoiadores no Alvorada, antes da oficialização da mudança, Bolsonaro afirmou: “Tá sabendo do Gilson ou não? Já tá sabendo do Gilson? É ministro. O Gilson é um cara muito competente nessa área. O outro estava fazendo um bom trabalho também, não é? Mas deu problema aí.”
Esta foi a 15ª troca no primeiro escalão do governo Bolsonaro em menos de dois anos. (Veja lista de trocas ao final da reportagem)

 

Confraternização virou despedida

Na noite desta quarta, reunido com servidores do ministério, Marcelo Álvaro Antônio disse que saiu do governo em razão de uma divergência e que se excedeu ao chamar o colega Luiz Eduardo Ramos de “traíra”.

Vídeo obtido pelo G1 (veja abaixo) registra o discurso feito por Álvaro Antônio a funcionários da pasta durante confraternização com servidores do ministério em um bar em Brasília. A confraternização seria para comemorar o final do ano, mas se converteu em despedida. O local da festa é fechado, e a maioria dos presentes não usava máscaras de proteção contra o coronavírus.

 

Escândalo com candidaturas laranjas

Álvaro Antônio assumiu o posto em janeiro de 2019, logo após a posse de Bolsonaro. O ministro deixa a cadeira após quase dois anos à frente da pasta.

Deputado federal pelo PSL, antigo partido do presidente, Álvaro Antônio esteve envolvido no escândalo das candidaturas laranjas em Minas Gerais na campanha eleitoral de 2018. O Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais denunciou Álvaro Antônio e outras dez pessoas sob acusações de crimes envolvendo essas candidaturas.

Mesmo após o ministro ter sido indiciado em inquérito pela Polícia Federal e denunciado pelo MP, o presidente decidiu mantê-lo no governo.

Saindo do Ministério do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio deve reassumir o mandato na Câmara dos Deputados. O político chegou a cumprir um mandato inteiro como deputado federal enquanto filiado ao PMB e ao PR, entre 2015 e 2018, antes de ser escolhido ministro.

Novo ministro

Gilson Machado é empresário, músico e veterinário. Nas redes sociais, ele registra o trabalho como cantor, sanfoneiro e compositor da banda de forró Brucelose.

Pernambucano, Machado costuma acompanhar Bolsonaro em viagens, em especial ao Nordeste, nas quais destaca ações do governo que beneficiam a região. Ele também é convidado com frequência por Bolsonaro para tocar sanfona nas “lives”, transmissões ao vivo pela internet que o presidente costuma fazer às quintas-feiras no Palácio da Alvorada.

Machado assumiu o comando da Embratur em maio do ano passado. Antes, trabalhou na transição do governo e, já com Bolsonaro na Presidência, teve cargo de secretário nacional de Ecoturismo e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

 

Contra o distanciamento social

Em discurso no último dia 3, Gilson Machado fez um apelo para que prefeitos e governadores não endureçam medidas tomadas para manter o distanciamento social. Gilson afirmou que o setor de turismo não aguentaria “um segundo fechamento coletivo”.

“Queria aproveitar esse momento para fazer um apelo aos governadores, aos prefeitos, enfim, a quem está com a decisão de fechar um lockdown. O nosso ‘case’ turístico, o nosso ‘trade’ turístico não aguenta mais um segundo fechamento coletivo”, afirmou.
Machado disse, sem citar a fonte, que o Brasil foi o que menos teve desemprego na área do turismo entre todos os países turísticos e deu como exemplo a cidade de Porto de Galinhas, em Pernambuco.

Segundo ele, a cidade pernambucana teve 25% de desemprego enquanto houve “países em que o desemprego foi de 60%”.

“Não fechem, por favor, porque vai haver desemprego em massa se os senhores fizerem isso. Nós conseguimos manter os nossos empregos, que é o nosso capital humano, é o maior bem que uma empresa de turismo pode ter”, declarou.

 

Trocas no governo

Veja as últimas trocas de ministros no governo Bolsonaro:

1. Secretaria-Geral da Presidência, fevereiro de 2019: Gustavo Bebianno foi substituído por Floriano Peixoto Vieira Neto

2. Ministério da Educação, abril de 2019: Ricardo Vélez Rodríguez foi substituído por Abraham Weintraub

3. Secretaria de Governo, junho de 2019: Carlos Alberto dos Santos Cruz foi substituído por Luiz Eduardo Ramos

4. Secretaria-Geral da Presidência, junho de 2019: Floriano Peixoto Vieira Neto foi substituído por Jorge Antonio Oliveira

5. Ministério do Desenvolvimento Regional, fevereiro de 2020: Gustavo Canuto foi substituído por Rogério Marinho

6. Casa Civil, fevereiro de 2020: Onyx Lorenzoni foi substituído por Walter Braga Netto

7. Ministério da Cidadania, fevereiro de 2020: Osmar Terra foi substituído por Onyx Lorenzoni

8. Ministério da Saúde, abril de 2020: Luiz Henrique Mandetta foi substituído por Nelson Teich

9. Ministério da Justiça e Segurança Pública, abril de 2020: Sergio Moro foi substituído por André Luiz Mendonça

10. Advocacia-Geral da União, abril de 2020: André Luiz Mendonça foi substituído por José Levi Mello do Amaral Junior

11. Ministério da Saúde, maio de 2020: Nelson Teich pediu demissão. Eduardo Pazuello interino.

12. Ministério das Comunicações, junho de 2020: recriação da pasta, desmembrada do MCTIC. Fabio Faria assumiu.

13. Ministério da Educação, junho de 2020: Abraham Weintraub foi substituído por Carlos Alberto Decotelli.

14. Ministério da Educação, junho de 2020: Dias após ser nomeado, Decotelli pediu demissão, “Diário Oficial” tornou nomeação sem efeito e Milton Ribeiro assumiu o cargo.

15. Ministério do Turismo, dezembro de 2020: Gilson Machado no lugar de Marcelo Álvaro Antônio.

 

Fonte: G1

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