Em Roma, Mourão cogita que despejo de óleo no mar do Nordeste pode estar ligado a embarcações “fantasmas”

 

Em Roma para canonização de Irmã Dulce, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse, em coletiva realizada nesta sexta-feira (11), que embarcações “fantasmas” podem estar envolvidas no despejo de óleo no mar do Nordeste. São chamadas embarcações fantasmas aquelas que navegam em área brasileira sem autorização legal, e fazem contrabando de diversos produtos, entre eles o petróleo.

“O caso está sendo estudado pelo Ibama, ICMBIO pela Marinha, pela própria Petrobras. Existe um dado inicial, ainda não totalmente confirmado, de que esse óleo seria do tipo extraído lá na Venezuela, mas isso não significa que a Venezuela tenha lançado petróleo no mar, obviamente.

A Marinha tem a suspeita de que tenha sido [lançado] de 30 embarcações, mas nós também sabemos que existem aquelas chamadas embarcações fantasmas, que são embarcações irregulares que realizam contrabando, seja contrabando de petróleo ou outro tipo de contrabando, que podem estar envolvidas.

O governo está buscando controlar os danos e levantar quem são os responsáveis”, afirmou.

As manchas surgiram em setembro e chegaram na Bahia há pouco mais de uma semana. Até agora, mais de 150 localidades em 68 municípios de 9 estados foram atingidos.

A Marinha do Brasil afirmou que ainda não fechou nenhuma linha de investigação sobre o caso. No entanto, na quinta-feira (10), o órgão informou que, “após uma triagem das informações do tráfego mercante na região de interesse”, notificou 30 navios-tanque de 10 diferentes bandeiras a prestarem esclarecimentos.

O vice-presidente ainda falou sobre questões ambientais do Brasil, a presença dele na cerimônia religiosa no Vaticano e dos compromissos que terá na Itália.

“[A viagem] Não se resume à cerimônia, também é uma oportunidade para ter encontro com representantes da Santa Sé, uma vez que está ocorrendo o Sínodo da Amazônia e a igreja está discutindo o que ocorre na Amazônia brasileira”, disse.

Mourão ainda falou que o Brasil não é inimigo do Papa, destacou a importância do papel da igreja nas discussões que envolvem a Amazônia e revelou que órgãos do governo federal trabalham para descobrir o que está causando as manchas de óleo no litoral nordestino.

“O governo Brasileiro, em momento nenhum, pode julgar que o papa o inimigo. Muito pelo contrário, o papa é o líder maior da igreja católica. O sínodo da Amazônia vem sendo planejado já algum tempo e o governo brasileiro entende muito bem a problemática que a igreja enfrenta na região amazônica”, falou.

 

Encontros políticos e religiosos

Hamilton Mourão explicou que toada a comitiva do governo brasileiro já está em Roma e é composta por 14 pessoas, entre elas Davi Alcolumbre, presidente do Senado; Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados e Augusto Aras, Procurador Geral da República.

Mourão disse que além de participar da cerimônia de canonização de Irmã Dulce, terá compromissos com investidores italianos.

“Terei encontro com industriais italianos e é importante que a gente possa refletir as atitudes que o presidente vem tomando, a busca do equilíbrio fiscal.

Sexto ano de déficit e precisamos de medidas necessárias para resolver problemas de produtividade. Queremos atrair os investidores no sentido de colocar seus recursos no Brasil para que a gente vença esses problemas que tanto nos aflige”, disse.

 

 

Sobre as queimadas no Brasil, o vice-presidente reconheceu que o governo não teve a reação correta logo quando os primeiros casos surgiram.

“A gente faz o nosso meia culpa. Nos primeiros momentos que aconteceram [as queimadas], que aconteceu essa crise das queimadas, que é algo que ocorre todo ano, nós não tivemos a reação correta.

Agora nós temos que buscar um diálogo melhor, mais positivo e mostrar a realidade da separação do que é o bioma Amazônia, o que é Amazônia legal, a grande área de cerrado e usar todas as capacidades do governo federal”, disse o vice-presidente.

Mourão disse, ainda, que é sadio falar sobre a Amazônia, mas que, para ele, há muita desinformação também. “Muitas vezes passa uma ideia de que a Amazônia está virando uma savana. Quem mora lá sabe que não é bem assim. Existe áreas degradadas, obviamente. Mas, hoje, nós temos 60% da Amazônia preservada. Isso é uma quantidade de uma área de 10,7 milhões quilômetros quadrados preservados”, disse.

 

Fonte: G1

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