Entrevista com pré-candidato a vereador Wilson Magalhães Rodrigues

O entrevistado de hoje é um exemplo de superação de dificuldades. Filho do Sr. Deoclides Altino Rodrigues e da Sra. Vilma Magalhães Rodrigues, o Senhor Wilson Magalhães Rodrigues conheceu de perto a fome e o sofrimento, mas com perseverança conseguiu enfrentar todas as dificuldades. Pré-candidato a vereador de Feira da Mata e região, Wilson nos fala um pouco de si e por que resolveu tentar se candidatar a vereador nas eleições de 2020.

 

SB: Me fale sobre a Wilson, quem é ele? Como você se define como pessoa?

Wilson: Wilson é um filho de lavrador, tropeiro, filho de imigrante que veio de Riacho de Santana, é uma pessoa que não tinha nem onde fazer…. Fui alfabetizado por minha mãe, tivemos que ir pra outra cidade pra fazer o quarto ano primário, ginásio em Carinhanha naquele tempo e depois pra São Paulo. Dez anos por lá. Fui pobre e voltei pobre. Não estava tão velho, voltei a estudar, fiz ensino médio, era magistério, terminei num ano, no ano seguinte já me chamaram pra trabalhar. Trabalho até hoje numa escola. Foi onde eu tive mais conhecimento com o pessoal, vi a pobreza da situação, um pessoal humilde, um pessoal bom, as vezes discriminados, aprendi muito com eles, com essa meninada. Uns ficaram com raiva de mim, outros gostam de mim, agora já estou quase aposentando, tenho 62 anos de idade.

SB: Onde você nasceu e qual a sua relação com Feira da Mata e a região?

Wilson: Nasci em Aldeia, município de Feira da Mata. Eu, praticamente, não morei por lá, fiquei na infância e adolescência. Depois fui estudar em Carinhanha. Depois fui embora e voltei pra região em 1990, na escola foi que eu tive mais contato com esse pessoal. Mas sempre vou por lá. Mas meu local de trabalho é aqui, moro aqui e meus pais, também, se mudaram pra cá.

SB: Nos fale um pouco sobre a sua família.

Wilson: Eu estou solteiro. Casei direitinho duas vezes, divorciei direitinho e tenho um filho que pago pensão pra ele, está com doze anos de idade, nome dele é Wilson Magalhaes Rodrigues Júnior, do segundo casamento. E do primeiro tenho uma menina. Já é advogada lá em Guanambi.

SB: Wilson, como é a sua relação com os cidadãos de Feira da Mata?

Wilson: Eu tenho muita amizade. Não escolho amizade. Às vezes, já fui até censurado por ter amizade com pessoas mais humildes, cachaceiros. Mas eu fui cachaceiro. Meus amigos de boteco continuam os mesmos, só não bebo. Vou no boteco, como um doce, tomo um refrigerante e fico por ali. Tenho, amizade com todo mundo, não importa a classe social, do mais rico ao povo mais comum, não importa, sou homem do povo.

SB: Quem são os seus eleitores e o que essas pessoas buscam no candidato Wilson?

Wilson: Eu suponho que o que eles buscam em mim, é o espelho de persistência e de dar a volta por cima. Eu era um cachaceiro e dei a volta por cima. La na escola, trato todos do mesmo jeito, pode até estar com raiva de mim. Não me importa, trato todo mundo igual.

SB: Como você define o povo de Feira da Mata?

Wilson: É um povo bonito, quase todo mundo é Rodrigues, é um povo paciente, bondoso.

SB: Qual a importância de Feira da Mata em sua vida?

Wilson: Já falei pra minha filha que, quando eu morrer, quero ser enterrado aqui em Feira da Mata, porque foi aqui que eu trabalhei, foi aqui que fiz minhas amizades e com quem trabalhei. Eu não gostaria de quando eu morrer, ser levado por carro. Quero ser levado pelos amigos.

SB: Como nasceu seu interesse pela política?

Wilson: Tem muita coisa que você poderia melhorar, mas não pode dar palpite, tem que ficar calado. E você conseguindo um certo poder, talvez você consiga melhorar alguma coisa. Por exemplo, a poda das árvores aqui na rua, poderiam ser feitas de forma diferente, pra ficar mais bonitas. Ninguém nunca pensou nisso. Vejo motoqueiro tirar a descarga da moto pra fazer barulho na cidade, não precisa disso. Tem lei ambiental aqui, mas ninguém fiscaliza. Tem carro de som na praça e ninguém fiscaliza. Tem muita gente que precisa de apoio social e não sabe nem por onde começar a procurar seu direito. Às vezes passa fome, passa necessidade e o recurso muitas vezes está aí e a pessoa não sabe procurar. E a gente tem como ajudar, também, nesse sentido.

SB: Por que você quer ser vereador de Feira da Mata?

Wilson: Apesar de eu não ser moderno (idade), eu vejo que a cidade pode ser modernizada em muitos sentidos.  Pra começar, é plano piloto que nós não temos, as ruas é uma encontrando com a outra. Os novos loteamentos com ruas estreitas, av. Pedro Paulo de Castro passa dois carros, um imprensado no outro. Umas árvores frondosas que parecem uma moita atrapalhando o fluxo. A cidade foi feita pra pouca gente, e daqui a vinte anos a população vai dobrar. A gente pode modernizar muita coisa aí, ordenar, orientar. Nós não temos tratamento de esgoto, estão fazendo fossa na rua, passa um caminhão vai afundar. Temos que encontrar outra solução.

SB: Como você avalia o relacionamento entre a câmara de vereadores e o executivo no pleito em exercício?

Wilson: Eles vivem pacificamente. Vez em quando uma fofoquinha por aí, mas ninguém processou ninguém e vivem pacificamente, oposição e situação, vivem bem, sem atrito.

SB:  Ao vereador, na condição de legislador, cabe o papel de elaborar leis para o município. Se eleito, quais são os seus projetos de lei para o pleito dos próximos quatro anos?

Wilson: Ainda não tenho um projeto pronto. Mas quero propor a modernização da cidade na área ambiental, ordenar o esgotamento sanitário (fossas na rua), pra isso, tentar recursos em Brasília ou Salvador, regulamentar questão do barulho, nossa cidade é uma cidade pequena e poderia ser mais tranquila. Principalmente carros com som alto até tarde da noite perturbando a cidade. Tem espaço para todos, basta harmonizar e saber conviver. Tem também a questão do lixo, podemos pensar na ideia de reciclar.

SB: Dentre tantas leis que o vereador pode propor, está a lei orçamentária anual que define em que deverão ser aplicados os recursos provenientes dos impostos pagos pelos cidadãos. Em sua opinião, quais as áreas deveriam receber maior parte desse recurso?

Wilson: A área de saúde, porque a gente depende muito de Guanambi ainda. E aqui ainda é um sofrimento, principalmente no fim de semana, parece que não podemos adoecer nesses dias. Investir na saúde, ter mais médicos disponíveis para atender a população, ter um plantão que atenda ao povo. Também o saneamento é interessante que se invista mais. Saneamento também é saúde.

SB: Ao vereador também cabe o papel de fiscalizar a atuação do poder executivo verificando se estão sendo cumpridas as metas de governo e se estão sendo atendidas as normas legais. Qual a sua postura caso o candidato a prefeito que você apoia seja eleito ou não?

Wilson: Se meu pré-candidato, Sr. Valmir, não se eleger, o que é muito pouco provável de acontecer, pois ele está bem cotado. Nesse caso eu não teria muito espaço para expor minhas ideias no outro grupo. Mas, eu ia me juntar com os que querem o desenvolvimento de Feira da Mata e ia apoiar os projetos deles que forem bom para a população e claro, pedir apoio aos nossos projetos. Quanto à fiscalização, não serei cumplice das coisas erradas. Vamos trabalhar conforme a lei, tudo direitinho. Não apoiarei coisas erradas, independente de quem seja eleito.

SB: Para finalizar, o Senhor gostaria de acrescentar alguma coisa? Deixar alguma mensagem para o eleitor?

Wilson: O povo de Feira da Mata é um povo que veio do sofrimento, sabemos disso, quase todo mundo veio fugindo da seca é um povo bondoso demais, um povo bonito, amigável. Então deixo a mensagem de que quero ser um companheiro do povo, uma pessoa que luta para a melhoria e busca uma vida melhor para nossos filhos, nossos netos. Quero fazer coisas que marquem e melhore a vida de cada um, ainda que sejam pequenas coisas. Buscarei parceria com o prefeito eleito para trazer benefícios para a cidade como buscar recursos e apoio para asfaltar essa estrada pra Cocos, que está prometida desde década de 1990 e até hoje, nada. Vamos juntos buscar melhorias.

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